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outubro de 2022

Courting


Depois do lançamento de singles como “Not Yr Man” (2019), “Football”, “David Byrne’s Badside” e “Popshop!” (2020), os Courting lançaram-se com Guitar Music, o primeiro álbum de estúdio da banda inglesa, pela editora Play It Again Sam. A sonoridade a banda de Liverpool – casa para muito boa música – cruza o analógico com o digital, de forma bastante excêntrica. Na vertente  analógica a guitarra e o baixo demarcado parecem estar influenciados pela sonoridade de grupos de post-punk britânico como Squid, shame ou Black Country, New Road e pela energia eufórica, desordeira e anárquica de grupos como FIDLAR; já no digital, o recurso ao auto-tune e a atmosfera PC music lembra 100 gecs, o projeto do duo de Dylan Brady e Laura Les, ou registos mais ligados ao hyper-pop da discografia da Charli XCX (em “Jumper”, o vocalista da banda, Sean Murphy-O’Neill, chega mesmo a mencionar a inglesa quando canta: “And I love her like Charli loves cars”, algo que já dissequei) como se ouve tão bem em “Uncanny Valley Forever”. O cruzamento entre o universo mais analógico do rock e o digital da PC music – talvez seja por isso que o nome do álbum é uma junção de Guitar com  (PC) Music – faz-me crer que Courting não têm medo de arriscar, nem de experimentar algo bastante ousado. Fazer uma espécie de revival do rock, juntando a PC Music na mistura, não parece tarefa fácil, contudo, a encomenda saiu bem. Talvez o quarteto britânico não seja pioneiro na aventura musical, mas não lhes deixo de gabar a coragem e o talento (talvez o David Byrne esteja mesmo orgulhoso, rapazes!). Canções como “Tennis”, “Loaded”, “Famous” e “Jumper” bastaram para me seduzir e levaram-me a ouvir Guitar Music vezes e vezes sem conta. Resta-nos ouvir e chorar por mais.


Catarina Fernandes





 

O Triunfo dos Acéfalos


Criado por Luís Barreto, a quem se junta Bugs Ferreira a partir do EP OX (2020), O Triunfo dos Acéfalos é um projeto de Santo Tirso que funde a música eletrónica com o punk. Desde o seu primeiro lançamento em 2015, OTDA não tem parado de produzir música, com uma multiplicidade de EPs e ainda o longa-duração Malhas (2016), que conta com a icónica faixa “Bem-vindos a Santo Tirso”.


Agora, em 2022, OTDA traz-nos música nova, mais urgente que nunca. Vivemos num Inferno, precedido por um single com vídeo musical do mesmo nome, é um EP de 5 faixas que junta os sintetizadores às guitarras. Guitarras com distorção – daquela que nos aquece o lado punk do coração – são aliadas a letras de protesto narradas, cantadas e berradas num sotaque nortenho, carregado de intenção. A diversidade musical do duo é facilmente identificável neste disco: na primeira faixa, “Vivemos num Inferno”, ouvimos uma guitarra ruidosa acompanhada por letras como “Quantas pessoas conheces que nunca viram o mar? / Quantos chefes conheces que não estejam a roubar? / Assim se passam as coisas, sempre na mesma rotação”; já na faixa “A.I.T.A.?”, deparamo-nos com um instrumental eletrónico e uma voz com autotune a ler uma publicação do subreddit “r/AmITheAsshole”.


O Triunfo dos Acéfalos poderá ser encontrado a tocar ao vivo dia 12 de novembro, no festival Black Bass, em Évora, organizado pela Pointlist.


Afonso Mateus





 

Silvana Estrada


Silvana Estrada é uma cantautora mexicana com 25 anos, vastos cabelos morenos e uma das vozes atuais mais doces que se podem ouvir. Com uma sonoridade aliada ao jazz, inspirações no folclore tradicional mexicano e um “cuatro venezolano”, o seu adorado instrumento de excelência, Estrada guia-nos por uma experiência orquestral que se assemelha à história que a própria tem com a música. Filha de pais violeiros (fabricantes e reparadores de instrumentos de corda), cresceu com a música como pano de fundo (trans)formador na sua vida, e isso reflete-se – e sente-se – nas suas músicas.

O seu primeiro álbum a solo retrata o seu primeiro grande amor e consequente separação, como se se tratasse de uma flor murcha: Marchita, o nome do álbum saído em janeiro do presente ano, significa “murcha” em espanhol, língua nativa da artista. Nele, canta a dor de amar, do acabar, da superação incontornável e inimaginável. Como conseguir viver depois de murchar e qual o significado dessa vida. Diz-nos que cantar é curar e, ao mesmo tempo, que canta “por llorar”. As suas músicas são pedaços cristalinos de pura sinceridade emocional, uma voz íntima conjugada com a presença preciosa e calculada dos instrumentos musicais: estes aparecem quase inesperadamente, como nas músicas “Marchita” ou “Casa”, em crescendo a partir de aproximadamente metade das canções. Complementam e acompanham o timbre da cantora, como se fossem feitos da mesma ternura.

A música latino-americana acolheu assim, recentemente, a força da natureza que é Silvana Estrada. E o mais bonito talvez seja que, em vez de murchar, ela está a desabrochar aos nossos olhos.


Maria Beatriz Rodrigues





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