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março de 2023

DOMI & JD BECK


O novo álbum Not Tight do duo Domi e JD Beck, foi descrito pela Pitchfork como a nova hyper-brain generation. Confesso que os conheci há pouco, mas eles andam por aí há algum tempo, juntamente com Anderson Paak, Thundercat, Herbie Hancock e outros artistas do mundo jazz de fusão.


Foi a música Not Tight que me despertou o interesse; o som suave, relaxado e ambíguo trouxe-me muita curiosidade e tentei prestar mais atenção a estes dois virtuosos. Domi (22 anos, piano e sintetizadores) e JD Beck (19 anos, bateria) são uma espécie de geeks descontraídos com um estilo musical complexo e íntimo. Tecnicamente, isto reflete-se no tratamento sonoro dos instrumentos, como por exemplo a bateria de JD Beck que tem umas toalhas sobre as peles, criando um som suave e seco; no lado da Domi temos teclados e sintetizadores que fazem sobressair uma mistura de melodias elegantes e um baixo groovy; e claro, a experiência de terem trabalhado com artistas fora da caixa, como Mac DeMarco onde podemos ouvir esta parceria na faixa “SMiLE” e “Two Shrimps”, e também Anderson Paak, na música “Take a Chance”. Para além da musicalidade, os adereços e a roupa que trazem tornam tudo mais divertido e transmitem uma sensação de liberdade.


Para um mergulho mais imersivo, recomendo vivamente o vídeo do compositor e produtor Adi Yeshaya, que explica porque é que a composição harmónica dos acordes, que a DOMI utiliza, criam uma sensação ambígua. Aconselho, igualmente, o vídeo da Tiny Desk Concert.


Miguel Alves



 

Fever Ray


Surgindo pela primeira vez em 2009 como artista a solo, esta personalidade musical sueca já nos cativa há mais de dez anos com a sua voz aguda e cheia, com uma inflexão e estilo que evoca na nossa mente nomes como Björk, Goldfrapp ou Arca. Apresentando-nos um estilo que se alinha nos géneros de electro-pop e synth-pop, Fever Ray não só nos traz belíssima música, como também a impregna de simbolismo e referências incontornáveis a artistas como Bell Hooks e John Waters.


O seu álbum mais recente, Radical Romantics, é o terceiro da sua discografia a solo e conta com participações de Olof Dreijer, seu irmão e companheiro de banda em The Knife; Nídia, a produtora e DJ portuguesa; ou ainda Trent Reznor, membro de Nine Inch Nails, para mencionar apenas alguns artistas. No seu novo lançamento, Fever Ray leva-nos naquela que é uma viagem atribulada e diversa, oferecendo-nos uma visão estereoscópica daquilo que faz mover o mundo: o amor. Abordando temáticas desde a experimentação romântica e sexual queer, a sentimentos de luxúria, conexão, apego e tristeza, passando pela temida procurar do amor, esta personalidade sueca oferece-nos uma experiência única, levando-nos numa verdadeira peregrinação romântica.


Radical Romantics é um álbum bastante textural, uma caraterística bastante importante para projetos de electro-pop, sendo de destaque o trabalho de produção feito no disco, resultando numa sonoridade mais industrial e envolvente que desemboca diretamente nos nossos ouvidos como se estivéssemos temporariamente a viver dentro de um copo de água gaseificada.


Desde canções como “What They Call Us”, de sonoridades sombrias e temáticas de desejo e arrependimento, a “Carbon Dioxide”, uma canção que nos move para a pista de dança e descreve sentimentos de euforia e magia circundando o amor, Fever Ray disseca o espetro amoroso ao longo de 10 faixas, num projeto a não perder, que terá a sua paragem em Portugal no mês de agosto, no festival Vodafone Paredes de Coura.


Patrícia Moreira



 

Sleep Token


Na última vez que escrevi para o Amplificador apresentei-vos o grande pioneiro do rock teatral, Arthur Brown. Desta vez trago-vos uma proposta mais atual e mais pesada, mas que também se enquadra perfeitamente nos cânones desta corrente musical cénica.


Formados em 2016, em Londres, os Sleep Token são um coletivo musical cuja origem está profundamente envolta em mistério, algo que contribui para a estética conceptual e mitológica por detrás da banda. À semelhança de outros grupos, nomeadamente os Ghost, também os Sleep Token fazem uso do anonimato para criar uma experiência musical imersiva e carregada de simbolismo. Acerca do grupo apenas se sabe que são liderados por um individuo conhecido como Vessel, que é também o vocalista da banda. Segundo a mitologia dos Sleep Token, o grupo foi criado após o vocalista ter sonhado com a visita de uma entidade divina apelidada de Sleep que lhe prometeu glória e magnificência se o músico se tornasse seu súbdito. Vessel assim “jurou” e faz uso das letras das suas músicas para demonstrar toda a veneração que tem para como o seu “mestre”.


Em termos musicais, os Sleep Token são um dos projetos mais interessantes a surgir no universo da música pesada nos últimos dez anos. Com uma sonoridade assente na fusão do metal progressivo e metal alternativo com pop e R&B a banda consegue criar um produto sonoro agressivo, denso e atmosférico, mas carregado de melodias e texturas extremamente orelhudas. Vessel é naturalmente a cereja no topo do bolo ao apresentar uma voz soulful que consegue ser sombria, mas ao mesmo tempo sensual.


Após terem editado os álbuns Sundowning, em 2019, e This Place Will Become Your Tomb, em 2021, os Sleep Token começaram a ser notados pela sua singularidade, mas foi só com o single “The Summoning”, do tão aguardado álbum Take Me Back To Eden, a ser editado em Maio de 2023, que a banda “explodiu” completamente. Ainda não sabemos o que o futuro reserva para a banda, mas uma coisa é certa, a sua sonoridade “acessível” certamente será uma porta de entrada para toda uma nova geração de metaleiros.


Rodrigo Oom Baptista



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