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The Struts: quando o rock e a androginia se encontram

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Foto/Créditos: Harri Charli

Formada em Derby, Inglaterra, no ano de 2012, a banda The Struts apresenta-se como um dos projetos mais interessantes a surgir no panorama rock do séc. XXI.

O quarteto, que é composto por Luke Spiller (vocais), Adam Slack (guitarra), Jed Elliot (baixo) e Gethin Davies (bateria), vai beber as suas influências, em termos musicais e estéticos, ao movimento glam rock inglês dos primórdios dos anos 70, remetendo-nos assim para uma época onde nomes como Queen, David Bowie ou T. Rex dominavam os tops musicais.

Em 2014, apresentaram-se com o seu primeiro registo de estúdio, o EP “Kiss This”, editado pela Virgin EMI. Com uma sonoridade rock extremamente dançável e formatada para as massas, o grupo não passou despercebido e rapidamente chamou a atenção de outras bandas, nomeadamente dos seus conterrâneos Rolling Stones, que os convidaram prontamente para serem a banda de abertura do seu concerto em Paris, onde atuaram para cerca de 80000 pessoas.

Ainda no mesmo ano lançaram o álbum de estreia “Everybody Wants”, mas a sua lenta aceitação no Reino Unido levou a banda a mudar-se de “armas e bagagens” para os EUA. Desta vez, já com um novo contrato discográfico com a Interscope Records, o grupo foi convidado para se apresentar ao vivo nos famosos talk shows “Jimmy Kimmel Live!” e “Late Night with Seth Myers” onde apresentaram os singles “Could Have Been Me” e “Kiss This”. Com uma nova falange de seguidores adquirida, os The Struts tomaram a decisão acertada de reeditar, em 2016, o seu álbum de estreia nos EUA, visto que em 2014 só o tinham feito no Reino Unido. Agora com uma produção mais refinada, quase todas as faixas foram remasterizadas ou regravadas, e com a inclusão de cinco novas músicas, o álbum ganhou uma dimensão sonora de proporções avantajadas com canções como “Put Your Money on Me”, “Dirty Sexy Money” ou “Where Did She Go” a apresentarem-se como autênticos hinos para serem tocados em arenas ou estádios.


​ Aliás, é precisamente no contexto da performance ao vivo que os The Struts brilham, e muito se deve à prestação enérgica e cativante do carismático frontman Luke Spiller que, com a sua postura extravagante e andrógina, parece muitas vezes reencarnar Freddie Mercury, tais são as semelhanças estilísticas. O que é certo é que os The Struts foram cimentando a sua reputação através dos concertos e não tardou a que também outras bandas de renome os convidassem para partilhar o palco, como aconteceu em 2016 e 2017 com a abertura de concertos de Guns N’ Roses, The Who e Foo Fighters.

O ano de 2018 foi passado na estrada, sendo que, nos poucos intervalos que tinham entre tours, a banda procurou ir para estúdio para gravar o tão antecipado segundo álbum. A pressão por parte dos críticos era grande, pois esta seria a prova necessária para determinar se os The Struts teriam capacidade para continuar a subir na hierarquia musical, ou se “Everybody Wants” teria sido apenas um caso esporádico. Todavia, “Young & Dangerous”, editado em Outubro, acabaria por superar todas as expectativas e muito se deve à sua diversidade sonora. Com os singles “Body Talks” e “Primadonna Like Me” a oferecerem-nos um pop rock dançável, “Fire Pt.1” e “Ashes Pt.2” a formarem uma narrativa única e “Somebody New” em formato power ballad a contrastar com a excentricidade e teatralidade de “Tatler Magazine”. O álbum rapidamente conseguiu alcançar os honrosos 102º lugar na US Billboard 200 e 13º lugar na US Top Rock Albums (Billboard), permitindo assim aos The Struts chegarem mais uma vez a novos palcos, destacando-se a sua participação no The Victoria’s Secret 2018 Fashion Show e a sua estreia na América do Sul com um concerto no festival Lollapalooza Brasil em 2019.


A entrada em 2020 trouxe consigo a pandemia e consequentemente uma quebra quase geral em todo o sector musical. Mas nem isso demoveu Luke Spiller e Co. de lançar um novo álbum. Inspirados pelo confinamento e pela incerteza em relação ao futuro, a banda fechou-se num estúdio em Los Angeles e durante dez dias gravou as dez faixas que viriam a fazer parte de “Strange Days”. Por outro lado, este é também um registo que demonstra os contactos e as alianças que a banda conseguiu formar ao longo dos anos dentro da indústria da música. Através das prestações de Robbie Williams na faixa título, de Joe Elliot e Phil Collen dos Def Leppard em “I Hate How Much I Want You”, de Tom Morello dos Rage Against The Machine em “Wild Child” e de Albert Hammond Jr dos The Strokes em “Another Hit of Showmanship”, a banda conseguiu reunir uma série de músicos que, de uma forma ou de outra, se expõem como uma influência. No entanto, “Strange Days” apresenta-se aquém dos seus antecessores, com uma sonoridade a favorecer mais o pop e com composições que expõem uma textura volátil. O álbum apresenta ainda poucas canções com aquele caráter orelhudo, robusto e épico de fazer plateias entrar em alvoroço, algo a que já nos tinham habituado em diversas faixas de “Everybody Wants” e “Young & Dangereous”.

Mas nada disso lhes retira o mérito e o estatuto alcançado ao longo destes quase dez anos de carreira. Isto porque, numa altura em que o rock se encontra fora do mainstream, os The Struts não só souberam reinventar um género adormecido (glam rock) como também o apresentaram a toda uma nova geração de ouvintes que há muito se encontrava ávida por ouvir algo refrescante.


Rodrigo Baptista


Palavras-chave: "glam rock"; "androginia"; "frontman"; "Luke Spiller"; "mainstream".


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