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“Apocalyptic Love”: uma década de conspiração

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No dia 11 de Fevereiro de 2022, a banda Slash featuring Myles Kennedy & The Conspirators irá lançar o seu quarto álbum de estúdio, inteligente ou “preguiçosamente” intitulado “4”. Todavia, mais do que uma representação da continuidade do projeto, “4” assinala sim uma data redonda, data essa que comemora uma década de banda. Desta forma, neste artigo iremos recuar até à génese do grupo e documentar o processo de composição, gravação e edição do seu álbum de estreia, “Apocalyptic Love”, editado a 22 de Maio de 2012.

Para entender melhor como se deu a criação de Slash featuring Myles Kennedy & The Conspirators, é necessário recuar até ao ano de 2010. Foi neste ano que Slash apresentou ao público, talvez, o seu projeto mais ambicioso, um álbum a solo totalmente gravado com o auxílio de músicos convidados. Ao todo foram 42 músicos que, distribuídos por 19 faixas, participaram nas gravações do álbum. Desses 42 músicos, constavam 19 vocalistas que o guitarrista convidou para interpretar cada uma das suas composições. Sem se mostrar preconceituoso em termos musicais, Slash solicitou a participação de cantores de diversos géneros musicais e reuniu num só trabalho intérpretes da chamada “velha guarda”, como é o caso de Lemmy Kilmister, Ozzy Osbourne ou Iggy Pop, e também outros, considerados contemporâneos, como é o caso de Fergie, Adam Levine e Nicole Scherzinger.

Com a gravação do álbum quase completa, sobravam duas músicas que ainda não dispunham de vocalista. Slash já tinha ouvido falar de Myles Kennedy, o guitarrista não só estava a par do seu sucesso com os Alter Bridge, mas também do convite que Kennedy tinha recebido por parte de Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bohnam para uma audição/jam para um projeto que não se veio a concretizar. Desta forma, decidiu arriscar e, após um primeiro contacto, enviou-lhe os instrumentais das duas faixas para as quais Myles acabaria por escrever as letras e compor as melodias vocais. O resultado surgiu sobre a forma de “Starlight” e “Back From Cali”, duas músicas consideradas indispensáveis em qualquer setlist de Slash featuring Myles Kennedy & The Conspirators.

Contudo, para Slash, o trabalho de Myles Kennedy ainda não se encontrava finalizado, isto porque o guitarrista tinha intenções de ir em tour para apresentar o álbum, e precisava de um vocalista versátil que não só conseguisse interpretar a diversidade das faixas presente em “Slash”, mas também todo um catálogo que assinalava os 25 anos de carreira do guitarrista, de onde constam os projetos Guns N’ Roses, Slash’s Snakepit e Velvet Revolver.

Aceite o desafio, era agora necessário reunir uma banda que também fosse capaz de tocar todo aquele material musical. Após várias sugestões, por parte de amigos e profissionais da indústria, surgiu o nome de Brent Fitz, um baterista canadiano que já tinha feito carreira com nomes como Bruce Kulick (Kiss), Vince Neil (Mötley Crüe) e Alice Cooper. Impressionado com o seu palmarés, Slash contactou Fitz e imediatamente começaram com jams. Ainda assim, estava a faltar um baixista com o qual Slash sentisse uma certa conexão. À falta de solução por parte do guitarrista, Fitz chegou-se à frente e sugeriu um colega e amigo de longa data, também ele canadiano, de seu nome Todd Kerns. Kerns não só se apresentava como um músico consagrado, pois já tinha feito parte da mítica banda canadiana The Age of Electric, mas também era extremamente respeitado dentro do circuito musical da sua terra natal. Mas a banda que viria a acompanhar Slash na estrada só ficaria fechada com entrada do guitarrista ritmo Bobby Schneck, que já tinha colaborado com o guitarrista, nos anos 90, no projeto Slash’s Blues Ball.

A tour de suporte ao álbum homónimo durou cerca de dois anos, tendo inclusivamente passado por Portugal em duas ocasiões, a primeira em Junho de 2010 com concertos nos Coliseus de Lisboa e Porto, e a segunda em Julho de 2011 com uma atuação no festival Super Bock Super Rock. A conexão entre os músicos era notória e Slash demonstrava intenções de querer preservá-la. Desta forma, a solução passou por “agarrar” a banda e levá-la para estúdio para trabalhar num próximo álbum, que já vinha a ser composto na estrada. Na verdade, músicas como o single “You’re a Lie” e a faixa título do álbum que viria a chamar-se “Apocalyptic Love” já vinham a ser trabalhadas em diversos soundchecks.

Terminada a tour Slash, Kerns e Fitz reuniram-se nos Mates Studios, em North Hollywood, para trabalhar nos instrumentais. No entanto, para este projeto, Slash optou por não incluir Schneck.

Em “Apocalyptic Love”, o guitarrista também procurou alterar a sua metodologia de trabalho, optando, neste caso, por um processo colaborativo ao invés do processo solitário que marcou a composição do álbum homónimo. Um desses exemplos encontra-se patente na faixa “No More Heroes”, que resulta numa colaboração 50/50 entre o guitarrista e Kennedy, onde o primeiro apresentou o riff e uma proposta de arranjo e o segundo o refrão que caracteriza a música. Também o processo de gravação foi encarado de forma diferente. Nos Barefoot Studios, com o auxílio do produtor Eric Valentine, a banda optou por gravar o álbum num cenário que replicasse uma performance ao vivo, ou seja com os instrumentos todos a tocar ao mesmo tempo, semelhante ao que vamos poder ouvir em “4”. Porém, esta situação só revelou ser possível com Kennedy, na guitarra ritmo, Kerns e Fitz a gravarem as suas partes na sala principal do estúdio, com headphones e com os respetivos amplificadores numa sala à parte, enquanto Slash se encontrava noutra sala com o som a sair diretamente dos monitores, desta forma, a banda conseguiu manter o contacto visual e evitar o chamado bleed.

“Apocalyptic Love” ficou completo em Fevereiro de 2012, mas apenas viria a ser lançado em Maio do mesmo ano. Ainda assim, só depois de o álbum estar enraizado nos ouvidos dos fãs é que algumas faixas começaram a ganhar maior destaque. “You´re a Lie”, “Halo”, “Standing in the Sun” e “Anastasia” há muito que têm lugar cativo no alinhamento dos concertos de Slash featuring Myles Kennedy & The Conspirators, que contam, desde 2012, com Frank Sidoris na guitarra ritmo. Já “Apocalyptic Love”, como obra musical, certamente fará parte de um top 5 de álbuns que marcaram a carreira de Slash, ao qual se juntam obrigatoriamente “Appetite For Destruction” (1987) dos Guns N’ Roses, “It´s Five O’Clock Somewhere” (1995) dos Slash’s Snakepit, “Contraband” dos Velvet Revolver (2004) e “Slash” (2010).


Slash featuring Myles Kennedy & The Conspirators em 2021 – da esquerda para a direita: Brent Fitz, Frank Sidoris, Slash, Myles Kennedy e Todd Kerns; Foto: Austin Nelson

Rodrigo Baptista

Palavras-chave: “hard rock, “guitarra”, “banda”, “álbum”, “carreira”.


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