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“Aliens” caídos na Terra

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Com Carl Karlsson (teclas e voz), Filipe Karlsson (guitarra e voz), Diogo Braga (percussão) e Ricardo Pereira (baixo), os Zanibar Aliens começaram como um renascimento do rock clássico que, entretanto, evoluiu para uma miscelânea perfeita de diferentes géneros. Nos Zanibar Aliens, a influência do rock n’roll dos anos 70 é muito clara nos dois primeiros álbuns, sendo completamente possível ouvir referências dos Led Zeppelin aos Black Sabbath.

O primeiro álbum da banda, Bela Vista, é um tributo a esta época psicadélica, publicado em 2014. Deste destacam-se as duas primeiras músicas “Baby I Can’t Let You Go” e “Bongsmoker”. Bela Vista acaba com o fim perfeito: a surpreendente “Far From Home”, um arquétipo do rock clássico, que quase poderia ter sido escrito pelos Led Zeppelin, sem ofensa e com muito respeito a Mr. Plant.

Space Pigeon, mais animado e leve que o anterior, é publicado em 2017, e escrito em Inglaterra. O grupo de amigos fez-se à estrada com o intuito de divulgar o álbum, tendo viajado sem ter a música concretamente escrita, e só terminada pouco antes. Space Pigeon apesar de manter uma sonoridade semelhante a Bela Vista começa a aproximar-se mais de outros estilos, ouvindo-se até blues de forma subtil em algumas faixas. A minha escolha pessoal deste álbum é a boémia “Rejoice”, que “salta à vista” pelos seus ritmos e riffs sensuais bem como pela letra que corresponde completamente à energia estabelecida pela melodia:” So there’s no difference between a man and a woman/ When they get down to business”. Segue-se “Sweet Rita”, que encena uma viagem aos anos 60 — “I may not be a Beatle/ I may not be a Stone /But honey I can take you home”.

No terceiro álbum dos auto-proclamados “aliens” — III— já conseguimos ouvir um som mais aproximado do que viria a ser o seu mais recente — IV. A banda começa a evoluir dos dois primeiros álbuns, marcados por faixas mais “pesadas”. De repente, tendo o background de Bela Vista e Space Pigeon em mente começa uma folia musical com “All I Need Is You” — “She waits for me on a sunny day by the beach”. É exatamente assim que imagino esta música, como um dia de sol na praia. A faixa sempre com a guitarra elétrica a garantir a presença do rock, começa a entrar numa espécie de indie pop. Mais uma vez, é com surpresa que vem a próxima música “I Am The USA” que retoma os ritmos e harmonias de Bela Vista e Space Pigeon.

Por fim, IV — talvez uma homenagem ao álbum Led Zeppelin IV, que inclui “Stairway to Heaven” — o álbum mais recente da banda, é muito mais indie, até calmo, ainda que com alguns resquícios da bagagem musical deixada pelos álbuns anteriores. Começa com “Say What You Will”, mantendo a tradição anterior de um início alegre. Depois, vem a minha preferência pessoal, “Nameless Faces”. No início, é uma música tão boa como as outras (que já começava a entrar na cabeça) quando a banda surpreende com um solo de sintetizador, lembrando Daft Punk, e valendo, para mim, o álbum inteiro. Passei a ouvir “Nameless Faces” para chegar à parte do solo. Seria impensável não referir também “There She Goes”, que de forma idêntica a “All I Need Is You”, lembra um dia de verão, parecendo uma versão moderna de The Beach Boys.

Conheci esta banda de forma fortuita — durante a frenética hora de almoço na faculdade, há cerca de 1 ano, um amigo deu a ideia de irmos ver um concerto dos Zanibar Aliens, no Time Out Market. Sem qualquer expectativa ele convenceu-nos todos a ir e garantiu-nos que íamos gostar. Nesta altura, no auge da pandemia, os eventos culturais estavam com os lugares muito limitados e este seria um concerto sentado, o que não me entusiasmou muito. Como se pode imaginar não podia estar mais enganada — foi um concerto absolutamente refrescante, algo que precisava de conhecer.

Apesar de o concerto ter sido há mais de um ano lembro-me bem do momento em que ouvi a soalheira “There She Goes”, que dita a energia transmitida pelo álbum mais recente da banda — IV. O resto do concerto passou de forma muito natural, com bom humor, e uma performance que nos levou a pensar que não estávamos sentados em lugares marcados e separados uns dos outros pelos 2 metros de segurança.

No concerto despedimo-nos de Zanibar Aliens com “All I Need Is You”, que ficou a ecoar nas nossas cabeças o resto do semestre. Ouvimos “So many days, every night, I was holding you all this time by my side”, até o público todo saber o refrão, quer já o conhecesse ou não.

Marta Tavares

Artistas: Zanibar Aliens Palavras-chave: “rock clássico”; “indie rock”; “música portuguesa”


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