Marina Sena
Marina Sena nasceu numa pequena cidade, com apenas 33.000 habitantes, do estado brasileiro de Minas Gerais. A jovem artista saiu do liceu aos 17 anos, decidindo seguir uma carreira como cantora, e participou no “The Voice Brasil”. Nas suas próprias palavras — “Por muito tempo, pensei ser esquisita, mas, com o tempo, descobri que sou só artista mesmo”. Tinha receio de se destacar, “chamar a atenção”, usava roupas que a tapassem para esconder o corpo. Hoje em dia, com 24 anos, é uma das cantoras mais promissoras do Brasil, ditando como suas influências Gal Costa, Kali Uchis, Djavan, Caetano Veloso, entre outros. Marina é considerada um símbolo de confiança, amor próprio e sensualidade, temáticas que são protagonistas nas suas músicas.
Conhecida como vocalista dos Rosa Neon e de A Outra Banda da Lua, estreia-se agora numa carreira a solo com o seu novo álbum — “De Primeira”. Foi lançado em meados do mês de agosto, tendo sido reproduzido 4,5 milhões de vezes no Spotify. “De Primeira” é um álbum maioritariamente pop que mistura estilos completamente distintos, que acabam por se complementar desde música alternativa, a samba, a reggae. Sena descreve o seu pop como sendo despretensioso e as suas letras genuínas, as suas palavras descrevem o que sente e o que não tem qualquer vergonha de sentir. O seu registo agudo e voz anasalada, característica da sua zona de Minas Gerais, destacam-se ao longo do disco.
A cantora e compositora brasileira compôs 10 músicas, que juntas somam 34 minutos, das quais se destacam “Me Toca” e “Voltei Pra Mim”, que apresentou antes de sair o álbum e que, por si só, atraíram muito interesse para o que se seguiria. “De Primeira” remete para o seu anterior projeto (com os) Rosa Neon, no sentido em que reconhecemos a cantora com uma confiança inabalável que a torna única e necessária, numa época em que a autoestima falha a muitos. Como vocalista dos Rosa Neon, destaca-se o single “Ombrim”, que fala sobre o verão e “as delícias” que o acompanham: o calor, o mar, a brisa agradável. Ouvir esta música é ser transportado para o auge das férias e do verão, nas palavras do refrão: “Ai que delícia o verão, a gente mostra o ombrim a gente brinca no chão...”. Esta música captura o espírito da cantora e deste seu primeiro álbum repleto de atitude e, principalmente, da individualidade que ganhou ao começar uma carreira a solo. “Ombrim” é uma espécie de “prequela” do que viria a ser a sua recente carreira a solo.
“Me Toca” foi a primeira música que publicou a solo. É a primeira faixa do álbum e, nas palavras de Marina, “sintetiza e simplifica a sonoridade do álbum”. Tem uma sonoridade quase carnavalesca. “Pelejei” segue “Me Toca” no álbum, começa com a guitarra a fazer a melodia, num ritmo que remete para o samba. Fala de uma tentativa de não se apaixonar, de ouvir os conselhos da mãe e de lutar para vencer as “tentações”. A compositora descreve o que canta como sendo o que realmente sente. “Cabelo”, a quarta música, é uma das favoritas da compositora, que sente que esta a representa. Com uma sonoridade mais pop e um ritmo animado, acompanhado sempre de guitarra, “Cabelo” é um hino ao amor próprio, tão característico de Marina. Destaca-se um verso que representa a cantora e, de certa maneira, este seu primeiro álbum — “Eu caminhava solta, parecia um leão / Saudando as cores de verão”. “Voltei Pra Mim”, já referido, reuniu muito interesse por parte do público antes do lançamento do disco. Juntamente com “Temporal” e “Tamborim”, que se seguem, fala da independência da cantora e da liberdade que ganha ao sair de uma relação — “Amor, eu te deixei / Pra ir atrás do que eu sonhei”. Sena salienta os aspetos positivos do final de uma relação, ficando livre para procurar e encontrar mais do que tinha e explorar as suas ambições.
“Temporal” é a sexta música, característica por remeter para o reggae, algo que Sena justifica porque foi escrita numa altura em que ouvia muito Djavan, compositor e cantor que respeita muito. “Tamborim” pode ser considerada a composição mais sensual do disco e tem, como muitas das músicas já referidas, um estilo muito caracterizado por um samba, embora mais lento e, por essa razão, mais sensual. “Amiúde”, que vem logo depois, é sobre querer reencontrar alguém e sobre a saudade que vem do impedimento de ver a pessoa. Apesar de ter uma batida bastante animada, a faixa é, em contrapartida, melancólica não só pela mensagem que transmite, mas também pela forma como é cantada, com um arrastar da voz aguda de Marina. Por fim, “Santo” foi escrito no dia de anos da cantora na hora exata em que nasceu. Fala sobre a sensação de fazer anos, de “nascer de novo” e sobre a esperança da cantora de encontrar “Um santo que me mostre / Que eu já sou um anjo e vi a minha liberdade”. Acaba então “De Primeira” com uma canção sobre a fé de perceber o nosso valor próprio e sobre “nascer de novo” no aniversário.
“De Primeira” é, no fundo, um espelho de Marina Sena e da segurança que tem em tudo o que faz. Representa o pop no seu melhor, é feito para atingir pessoas de todo o tipo, num misto de referências e influências, e, sobretudo, feito para entreter e divertir. O álbum é extremamente inovador com as diferentes sonoridades que utiliza e refrescante na sensação que provoca nos seus ouvintes, incitando-os a ser confiantes e ousados.
Marta Tavares
Titulo do álbum: "De Primeira" Autor: Marina Sena Ano: 2021 Produçã: Marina Sena e Iuri Rio Branco
Categorias/palavras-chave: “pop alternativo”; “música brasileira”; “Marina Sena”.