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Eurovisão 2023

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2022 deixou um brilhante legado no repertório musical “eurovisivo” português com a brilhante canção, performance e voz de MARO, com “saudade, saudade”, uma das melhores canções que já representou Portugal em toda a sua história, dada a mistura entre português e inglês aliada às brilhantes vozes de MARO e do seu coro que nos trouxe um brilhante resultado. Apesar da grande qualidade desta canção, esta estava a concorrer num ano em que a qualidade geral das canções no festival estavam abaixo do habitual.


Chegamos a 2023 com uma Eurovisão com palco em Liverpool, Reino Unido, segundo lugar na Eurovisão 2022, uma vez que a Ucrânia, vencedora no ano passado, não se encontra em condições de organizar o evento. Uma Eurovisão que foi mais bem organizada comparativamente a do ano passado quer em termos de palco, apresentadores, canções e espetáculo. Com especial brilho para Hannah Waddinghan, uma das melhores apresentadoras do Festival dos últimos anos, dado os vários momentos hilariantes que protagonizou em palco nesta edição que ficarão na memória dos fãs do certame.


Sem muitas surpresas, a vitória recaiu sobre a Suécia representada por Loreen e “Tattoo” com 583 pontos. Loreen, vencedora do Festival da Eurovisão 2012 com “Euphoria”, é a primeira mulher a vencer o Festival da Eurovisão duas vezes, e apenas a segunda pessoa, depois de Johnny Logan pela Irlanda nos anos 80. A Suécia, um dos países mais bem-sucedidos na Eurovisão, iguala agora a Irlanda com 7 vitórias no Festival, sendo estes os países que venceram mais vezes.


A Suécia foi apontada como favorita desde o primeiro momento. Confesso que desde a primeira vez que ouvi “Tattoo”, sabia que esta era uma canção super bem construída, com uma fórmula perfeita para um grande resultado na Eurovisão, uma vez que não lhe consegui apontar nenhum defeito. Possui uma staging excelente e marcante, e Loreen possui uma grande voz e um grande carisma, dado que é uma das vencedoras mais acarinhadas do Festival da Eurovisão. Depois desta vitória, poderá vir a ser encarada como a vencedora que roubou a vitória a “Cha Cha Cha” da Finlândia.


A Finlândia, outra grande favorita. Uma canção com grandes chances de triunfar na Eurovisão, muito característica do público “eurovisivo”, com uma imagem icónica, uma grande coreografia, energia de pôr toda a gente a dançar, batida que fica no ouvido, uma canção fortíssima e “fora da caixa”.


Era muito espectável que a Suécia fosse a preferida do júri, e a Finlândia fosse a preferida do público. Este foi mais um ano em que a vitória se deveu ao júri e não ao público. Curiosamente, Loreen sagrou-se vencedora sem ter ficado no primeiro lugar do televoto em nenhum país. Era notório o favoritismo na Finlândia por parte do público na arena, que sempre ovacionou esta canção, tendo recebido 18 pontuações máximas por parte do público, e totalizou os mágicos 376 pontos do televoto.


Já não é estranho que a Eurovisão seja dominada pelos nórdicos. São países que sabem construir canções contemporâneas de excelente qualidade, que ficou refletido no facto de Finlândia, Suécia e Noruega terem sido as favoritas do voto do público.


Este ano houve imensas canções que se destacaram. Suíça apresentou uma sonoridade pop radiofónica atual semelhante a Lewis Capaldi, Dinamarca mostrou uma canção que traz vibes do Tik Tok para um público mais juvenil, Israel com uma canção fortíssima e coreografia em palco extremamente impactante, Itália trouxe uma gentil balada, Eslovénia tinha a canção mais indie da edição, Bélgica com um carismático hino à temática LGBT, República Checa destaca-se pela mistura de línguas e estilos numa canção alternativa, a Áustria soube trazer uma canção pop contemporânea bem construída e subvalorizada pelo público.


Não podia deixar passar a canção espanhola, o flop do ano, a meu ver, não merecido. A canção mostra-se fortíssima na sua prestação em palco. As energias flamencas e a voz poderosíssima de Blanca Paloma levam a que a marca espanhola esteja muito vincada nesta canção, que merecia mais do que uns meros 5 pontos do televoto. 


Chegamos a Portugal. A passagem à final era uma incerteza, mas a brilhante performance de Mimicat e dos seus bailarinos e a sorte de ter a França e a Suíça a votar em nós confirmou a passagem à final no 9º lugar, muito aplaudida pelo público na arena. Na final calhou-nos o death spot, a segunda posição na ordem de atuação, lugar onde até hoje nenhuma canção alcançou a vitória. Algo que nos pode ter prejudicado e levado ao 23º lugar com 59 pontos, muito abaixo do merecido por toda a equipa que lutou por esta canção e deu o seu melhor.


Enquanto na primeira semifinal as casas de apostas acertaram em todos os qualificados, na segunda semifinal houve mais surpresas. Não se esperava a qualificação da Albânia e a não qualificação da Geórgia.


Na final, os resultados do júri e do público na final foram alvo de duras críticas. Houve canções bastante sobrevalorizadas que atingiram lugares que não mereciam como Polónia, Moldávia, Croácia e Estónia. Outras canções como o Reino Unido e a França, que era esperado atingirem bons resultados, foram empurrados para a segunda metade da tabela.


Para o ano espera-se uma excelente Eurovisão organizada por um dos países que melhor sabe receber o Festival Eurovisão da Canção, e que Portugal participe e rompa com a tradição de não participar quando o Festival se realiza na Suécia, tal como se sucedeu em 2000, 2013 e 2016.




Jorge Tabuada


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